terça-feira, 25 de maio de 2010

Confissões de uma bipolar



Bom, estou escrevendo hoje porque queria compartilhar com vocês, leitores, um pouco dessa doença que há pouco tempo foi diagnosticada em mim: o Transtorno Bipolar.
Pra quem não sabe, vou explicar bem singelamente e bem xulo: a pessoa que tem essa doença passa, durante um dia por todas as emoções possíveis, do mais alto grau de euforia, até uma depressão aguda e aterrorizadora (muitas vezes sem motivo aparente).
Meu transtorno foi diagnosticado após um problema pessoal que me debilitou muito, mexeu com minha vida como um tufão e aí, minha gente, a doença veio com tudo.
Dizem os médicos que ela é genética (tenho isso na família, inclusive, minha irmã mais velha se trata há 16 anos) e aí, sobrou pra mim também.
Explicado o problema, hoje queria escrever sobre como me senti durante o dia e agora, inclusive.
Passei bem, não na euforia, mas numa "normalidade", mas agora de noite me sinto agitada, eufórica, com vontade de fazer tudo e saltitar como uma louca na rua escura da minha casa. Isso é ruim, pois sei que daqui meia hora, talvez mais, ou menos, estarei em profunda depressão e chorando como criança, pois os problemas voltam com tudo à noite. Que problemas, vocês devem pensar. Uma guria de 25 anos, com uma família maravilhosa, amigos que a amam, uma vida pela frente, sem doença grave...Mas a coisa não é bem assim...
Estou com uma saudade imensa do que perdi por uma bobeira minha, uma irresponsabilidade que me tirou do convívio com algumas das amigas que mais amo no mundo, da minha faculdade que adoro, dos meus empregos os quais era muito bem quista e elogiada. Tá! Sei que isso é uma fase e vai passar. Tudo passa. Mas eu queria que isso me fosse dado novamente logo, como uma segunda chance imediata, sabem? Acho que isso tudo agrava minha doença e me puxa para trás , como agora na frente desse pc lembrando das gargalhadas, confidências, bebidinhas, estudo, trabalhos...que eu adorava tanto fazer com os meus.
Conversando a pouco com uma amiga, a Helô, ri bastante pela tela do computador, mas assim que acabamos a conversa, a tristeza voltou e eu fui lá tomar meus remedinhos. Sei que não resolve nada, mas me acalma ao menos.
Graças à Deus, tenho uma mãe e um pai fora de série que estão dia e noite me dando força e apoio, dizendo que eu vou superar tudo isso e ainda rir disso tudo. E eu sei que vou. Até rio de algumas coisas que já não me trazem mais dor.
Mas e a doença? Ela não tem cura e eu terei de aprender a viver com ela para sempre. E um dia vou largar esses remédios e diminuir as sessões de psicanálise, eu tenho fé! Só que até lá tenho que ir vivendo com esses altos e baixos e sempre me controlando para não ferir nem magoar as pessoas. Coisa comum no bipolar.
Muitas vezes, uma agressão verbal, um mau humor, um tratar mal passa pela cabeça do doente como uma revolta pelas dores que tem, só que ninguém tem nada com isso. E quando passa a crise, é como se nada tivesse acontecido, a gente estoura e depois tenta remediar pedindo desculpa ou algo do tipo. E eu já fiz isso.
Hoje, depois de quase meio ano entre medicamentos e psicanálise, já controlo mais minhas emoções e procuro sempre pensar positivo na hora do choro descabido e da tristeza devastadora. Mas nem sempre isso ajuda. Aí vou pro quarto, choro, durmo e espero o outro dia chegar. É como um alcoólico ou viciado em qualquer outra coisa: vive-se um dia de cada vez.
E hoje, só por hoje, não vou chorar, não vou deixar essa tristeza noturna me abater e vou sorrir, fazer uma cruzadinha com a minha mãe, olhar tv, brincar com meu sobrinho Talles (ele é lindo e uma figura!) e depois, quando chegar a hora de dormir, deitar, rezar a minha prece da noite e respirar fundo na espera de um amanhã melhor.
Queria deixar aqui um recado para umas pessoas: Paula, Helô, Marci, Je; amo vocês minhas amigas, obrigada pela força constante e por acreditarem em mim, mesmo que eu fizer algo que não mereça tanta amizade, saibam que vocês são um tesouro que no meio de todo turbilhão que passei e passo, me fazem ser feliz e esperar sempre e com muito entusiasmo o nosso reencontro.

Que bom ter este espaço pra escrever...melhorei um bocado já!
Boa noite.
Su.

4 comentários:

  1. Oi minha amiga! Que bom que este espaço está servindo para que você consiga pôr pra fora toda essa angústia que te consome. Pode ter certeza que sempre acompanharei você, por aqui... por enquanto! hehehe
    Tô torcendo por sua melhora, quero te ver bem e perto! Volta logo...
    Não estou mais na faculdade, mas eu posso até ir lá pra te visitar! hehehe
    Saiba que pode contar comigo pra o que precisar, ok?!
    Que bom que agora sabe o que realmente tem, fica mais fácil pra se cuidar e voltar logo pra curtir com a gente!

    Beijocas lindona!
    Tô te "seguindo"... E pode contar comigo sempre!
    ;***

    Helô.

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  2. Helô, sem palavras pra ti! Tu és, sem dúvida uma pessoa iluminada e muito humana que se preocupa com a dores das pessoas e faz muito feliz aos que que cercam (mesmo que virtualmente, hehehe). Infelizmente estamos longe, mas é por pouco, pouquíssimo tempo. Esse ano eu dei um tempo de tudo (não de vocês, amigos), mas da agitação que estava minha vida, e assim que eu me organizar por dentro estarei de volta com tudo!
    Agora que estou tratando o problema, fica mais fácil controlar e, quem sabe, um dia poder largar os "veneninhos" e voltar ao normal e continuar a vida feliz e plena, com um grande sorriso no rosto assim como tu.
    Te adoro demais!!!

    Tô te seguindo sempre....conte comigo sempre também!

    ;***

    Su.

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  3. obrigada!
    gosto de vc!

    marci

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  4. Convivo com pessoa que sofre dessa doença e sei como é dificil superar esses momentos de tristeza e de euforia.Precisa de muita compreensão das pessoas que convivem com ela.

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